O bom senso que eu tive na hora de me inscrever na prova de 10 k de xc snow bike, eu perdi na hora de me inscrever na prova de snowshoe. Lá foi a malandrona achando que dez quilômetros de snowshoe iriam ser moleza.
Uma hora depois da competição de bike estava alinhando para largar para a segunda competição no Winter Mountain Games, ainda lá toda feliz sem saber muito o tamanho da encrenca:
“Tem muita subida?” _ já manifestando um primário estado de preocupação.
“Não. Não sobe até o topo da montanha.”
Primeiro sinal da roubada; não subir até o topo da montanha não quer dizer absolutamente nada, considerando que estava largando de 2.400 m de altitude.
O locutor pediu para os que fossem correr os dez quilômetros alinhassem na frente dos que iriam correr “apenas” cinco. Aparentemente menos que 30 atletas optaram pelo percurso longo.
No momento que eu fui me posicionar dei de cara com a Anita Ortiz, entre muitos outros títulos Anita já ganhou a Western States (uma das ultramaratonas mais duras dos Estados Unidos). Celebridade entre os corredores do mundo outdoor.
“Meu Deus!” Segundo sinal da roubada.
Final de tarde, pronta (ou não) para largar resolvo olhar para o chão: Terceiro sinal! Acho que dessa vez alguém lá em cima estava realmente me mandando a mensagem.
Meu snowshoe, snowshoe esse enorme e pesado estava rodeado de amigos de “fibra de titanium” muito menores. Eu nem sabia que existiam snowshoes tão pequenos e leves!
“Ainda dá tempo de desistir?”
Sem mais minutos para analise dos meus adversários foi dada a largada. Em menos de 500 metros percorridos eu já era a ultima colocada.
“Se eu demorei 1h 14 para completar 10 k de uma prova de bike, quanto tempo eu iria demorar para completar uma de snowheavyshoe?”
A medida que subíamos (mas não até o topo) eu ficava cada vez mais para trás. O que me incomodava era deixar os voluntários, que estavam no percurso, esperando a retardatária aqui. Mas depois de receber incentivos achei melhor curtir o visual e deixar de me preocupar, afinal alguém tem que ser o ultimo, não é mesmo?
Sozinha no meio da montanha, no escuro e subindo (não até o topo) tive tempo de apreciar as estrelas, e ver de longe a pequena cidade de Vail toda iluminada. As vezes meu caminho acendia quando o snowmobile que varria a prova se aproximava, mas rapidamente a escuridão voltava e me integrava novamente com as sombras das árvores e a neve que reluzia sob um céu estrelado.
Com 1h 44 cruzei a linha de chegada, agradecendo o staff pelo apoio e simpatia.
Chegando em casa fui olhar a classificação e descobri que fui a terceira na minha categoria, medalha de bronze! Descobri também que quem ganhou na geral era ninguém menos que Josiah Middaugh (campeão de inúmeros x-terras, mundial e nacionais) .
Chegar uma hora atrás do Josiah não foi mal, agora imagina se fosse até o topo!
4 Responses
que pedreira Luli! mas parabens, vc é um exemplo de esportista! bjs candangos procê!
Fabi
Bem que eu sabia! Alguém "roubou" a bota do Sr. Armstrong (não o ciclista dopado), mas o astronauta. Esse "alguém" que se apropriou indevidamente da bota – parte integrante da roupa para combater a falta de gravidade existente fora do nosso planeta – que nem parece tão alto assim, quando se lê o relato da prova, pensou que era um snowshoe, não é querida Luciana Cox? Kkk… Parabéns mais uma vez pelo excelente desempenho, e mais ainda, pela coragem, iniciativa e o humor inconfundível!!!
Parabéns Lindaaaa!!! Luciana Cox tá vendo por mais que pareça que tá tudo dando errado a luz no túnel aparece. Beijão <3
Eu continuo a gostar de ti, mesmo terminando em ultima 😛