Sem poder correr ainda por causa do meu joelho lesionado tratei de me inscrever como voluntária na etapa do mundial de triathlon que aconteceria aqui em Gold Coast. Uma semana depois recebo um convite de duas colegas que treinam natação comigo e estavam precisando alguém para fazer a bike. Perfeito, time montado!
TRABALHANDO
Já com a bagagem na organização de eventos esportivos, as atividades não seriam novidades. Estava cheia de boa vontade para ajudar, trabalhei de quarta à sábado.
Mesmo tendo trabalhado boa parte da minha vida com eventos, o Triathlon me deixou impressionada; detalhes minuciosos desde o lado de prender um zip tight ou a ordem dos banners à proporção e tamanho do evento, arquibancadas e áreas de transição.
No sábado o trabalho deixou de ser montagem e passou a ser fazer a festa acontecer. A elite disputava mais uma etapa do campeonato mundial. Brasil representado por Diogo Sclebin e Danilo Pimentel, suficiente para me deixar rouca na torcida.
A prova foi muito dura pelo calor. Jesus socorreu uma atleta canadense que desmaiou no meio do percurso de corrida. A largada da elite masculina foi meio do dia, o sol estava castigando, tornando a disputa mais cruel ainda. Prova linda de se ver, o circuito era de voltas o que deixava a platéia agitada na torcida o tempo todo.
COMPETINDO
Na véspera, minhas team mates descobriram que eu tinha feito a inscrição errada, mas felizmente conseguimos trocar para o percurso maior sem maiores transtornos. Ufa! eu, convidada já estava causando.
Era o primeiro triathlon da vida delas, e toda a excitação conjunta me contaminava com um pouco de nervosismo.
Quando eu resolvi que iria fazer a bike estava preparada para pedalar com a minha mtb, mas roubaram a suspensão dela e aos 45 do segundo tempo tive conseguir uma bike emprestada. Três vezes o meu tamanho, mas como diria minha avó; “Cavalo dado não se olha os dentes!” pelo menos a bike era vermelhinha hihihi.
Domingo as largadas eram em ondas, e a cada poucos minutos um grupo grande entrava na água para competir. Nós chegamos no local com hora de antecedência para não ter preocupações e esperar a nossa largada com tempo.
Kelli entrou na água para nadar seus 750 metros como com a confiança de uma atleta olímpica; cheia de si. Saiu da água do mesmo jeito com muita disposição e sorridente. Eu já esperava na área de transição logo tirei o chip de seu pé coloquei no meu e sai empurrando a bike.
Eram duas voltas de 10 km. Os primeiros metros foram uteis para me familiarizar com a bicicleta aproveitando que tinha energia “Força nos pedais!”. A ida era contra o vento mas que não soprava assim tão forte (pelo menos na primeira volta), ao fazer o retorno tudo ficava mais fácil.
Passei pela minha torcida particular que me deu mais forças para aumentar o ritmo, seguindo os cones viro para o lado esquerdo. Por um momento acho estranho porque aqui na Australia a mão é contraria, de repente percebo que tinha pego a saída para voltar para transição.
“Ahhh não! Estou no lugar errado!”
“Você não é a única. Preste atenção, cuidado com os ciclistas, faça meia volta e retorne ao percurso.”
Ao fazer a volta percebi que estava com vários outros atletas que tinham feito exatamente a mesma coisa.
Meu time-torcida parecia não ter ficado tão preocupado como eu; “Perdi tempo!” mas logo já estava pedalando contra o vento novamente na direção certa.
Ainda bem que a volta do loop era à favor do vento, então o sério sofrimento durava na ida. Ultima virada e agora sim, hora da transição. Num revezamento não poupa-se energia porque a perna seguinte não é mais sua, enquanto eu estava esbaforida Janelle, nossa corredora, já tirava o chip do meu pé e saia ventando para o ultimo trecho da nossa prova. Nós fomos para a chegada torcer.
Fechamos a prova com tempos bem parecidos com o que havíamos imaginado fazer, entre 12 equipes femininas ficamos com um feliz quinto lugar. A estreia do primeiro triathlon selou amizades e rendeu ainda a quarta etapa; um tour pelos bares Australianos!
Fazendo força no asfalto tive tempo de fazer analogias; triathlon tradicional pra mim parece cidade grande; uma corrida contra o tempo, importante saber o pace, a velocidade, a preocupação parece ser contra o relógio`e nessa luta as vezes esquecemos de ver beleza. Não vou dizer que não me divirto em competições assim, mas minha alma é tipicamente uma cidade interiorana; tempo ou distancia não importam, pra mim, num cross-triathlon prevalece o elemento surpresa, a diversão da pilotagem, um percurso de lama, a montanha, a trilha e natureza. Pra lá que eu vou! Viva a terra do canguru!
Obrigada Kelli e Janelle pelo convite, correr em equipe é muito divertido! Obrigada Jodie e Phillip pelo empréstimo da bike e convite para a balada =) e Jesus pela torcida, apoio e cia!
One Response
Ameiiiiii o relato, foi divertido do começo de voluntária até o fim como competidora ou melhor o final fazendo tour nos bares…hahahahhahaha
Te amo, Manaaaaaaaaa