{Após o capitulo anterior (Meia maratona de Avintes) em que a malandrinha aqui proclamou que não quebrava numa competição de 40 k, o universo fez justiça. E mal sabia eu que estava prestes a pagar pela falta de noção}
Rui e eu fomos convidados de padrinhos da 5a rota da arte Sacra, São Coronado . Para os brasileiros de plantão ser padrinho de uma prova é representá-la com amor e carinho. Chegamos lá na concentração e fomos muito bem recebidos! Logo encontramos com amigos muito queridos Marta e Renato.
Peguei o frontal que era o número dois (haja pressão!) o número um pertencia a Ana Azenha, uma super ciclista aqui em Portugal.
Mas vamos a prova: como convidada especial largava na frente junto com atletas de peso. Eu, de peso, tinha só o acumulado nas minhas pernas da competição de bike de dois dias antes mais toda pressão.
Nos primeiros metros de subida a Ana já passou ventando, abri um sorriso de admiração e segui me divertindo com as típicas piadas de começo de prova; “Falta muito?”.
Logo uma segunda menina me passou, tentei ficar perto ha uma distância visual e assim segui, quando achava que dava para passar, passava mas logo a minha oponente investia e tomava à frente. Seguimos assim ritmadas.
Numa das retas em que resolvi tomar a frente novamente ela vira se para mim: “Luli, sou sua seguidora! É um prazer estar aqui a pedalar contigo.”
Ali selamos amizade e continuamos como uma equipe:
“Bora Felipa, cola na roda!”
Nas subidas só dava ela; seguia forte e eu ralava para tentar acompanhar mas só conseguia alcançar quando os singles começavam a descer.
Numa dessas trocas passei por ela que arrumava o pneu.
“Ta tudo bem?”
“Tá siga!”
Numa enorme curva cotovelo desci atras de um cara que diminuiu a velocidade. A descida era íngrime e técnica aproveitando o terreno onde posso tirar vantagem desci embalada e me divertindo com a habilidade que o solo empedrado exigia!
“Não estou vendo fitas de marcação!” E de repente depois de descer tudo percebi que era hora de voltar porque o caminho estava errado. “Eu bem que estava achando isso aqui técnico demais para não ter uma placa de perigo…”
A subida de volta tive que levar a bike a mão e ja imaginava que o segundo lugar era da Filipa e depois dali seria muito difícil de recuperar. Quando finalmente estava no track certo subi na bike e tentei voltar a acelerar.
Não demorou muito encontrei com o Rui que achou melhor me esperar para seguir comigo, ja que o acumulado dos 230k que ele tinha pedalado ate Fatima na véspera não estavam deixando ele acelerar.
“A segunda esta ali na frente!”
“Eu sei, estive o tempo todo com ela.”
“Bla bla bla bla” Rui falava como se nada fosse, e eu ali querendo lutar pelo ritmo, quebrei pot ter alguém tão fresco ao meu lado.
“Voce esta quebrando o meu psicológico!”
{Pois é pessoal! A pessoa aqui ainda não tinha entendido que a culpa de estar quebrada era única e exclusivamente minha, e do Universo obvio, que me punia porque dois dias antes eu estava me achando uma super mulher.} Aceitando a realidade e me envergonhando disso, voltei ao meu lugar.
Quando nos juntamos de novo seguimos pedalando, os dois quebrados ate a meta. Obrigada amor, pelo apoio e companhia!
Quando cruzei o portico fui descobrir que a segunda colocada era outra (que provavelmente me passou no trecho que me perdi.) Filipa teve mais problemas no pneu e não terminou.
Terceiro lugar (em homanagem a Paulinha, minha amiga aniversariante do dia)! Com recepção especial de Joana e Andre que vieram ate a chegada so para prestigiar! Vocês são incríveis!
Muito obrigada a toda a organização pelo carinho e cuidado especial conosco, foi uma prazer ser madrinha do evento. Vocês assim, fazem de Portugal a minha casa =)
Filipa foi um prazer enorme te conhecer! Ana, parabéns pelo primeiro lugar. Que as mulheres na bike sejam sempre exemplos inspiradores como vocês.