Spartan Sesimbra

Duas horas e oito e duas horas e nove. Esses são os tempos das duas Spartans Super (10k) que tenho no currículo.

“Será que meu tempo será melhor?”

“Claro que sim, você tá em boa forma.”

Tinha dúvidas de como o corpo responderia. Nessa fase que performance está longe de ser previsível como planilhas exatas de treino.

Siga para largada. O dia está lindo, o nublado chuvoso em que as meninas competiram ontem, deu lugar a um céu azul e sol radiante. A praia estava linda!

“Melhor você esquentar.”

Lá fui eu aquecer os motores trotando e sprintando na areia aos chamados do meu técnico de plantão.

Ao alinhar sob o pórtico a estratégia é passar o raio x na quantidade de mulheres e tentar descobrir quais são as da minha categoria.

“Hum, essa tem colágeno a mais…” Eu sempre acho que sei, mas sempre erro de longe.

Rituais e gritos de guerra de praxe e siga largar.

“Vai amooooor!”

Já saímos da praia em direção à montanha. Incrível como plano, aqui em Sesimbra, parece ter só a praia mesmo.

Quando saímos da cidade e entramos no monte já nos deparamos com algumas paredes algumas temos que passar por cima outras por baixo. Passa e segue correndo.

“Essa é a última subida.” Algum português gritava isso toda vez que já estava na subida seguinte, aquela que supostamente não devia existir. Já me fazia rir quando ouvia de novo.

O ritmo tá bom, segue correndo.

“Vai amooor!” O Rui apareceu no meio do monte. “Torcidaaa!”

Hurdles (um tronco alto para pular tipo cavalo) uma mulher estava com dificuldade eu empurrei com intenção de ajudar. Ela me olhou com uma cara brava na hora, mas depois que eu cruzei novamente com ela expliquei que estava tentando ajudar.

Mais para frente encontro com o Rui de novo.

“Como é que vc chegou até aqui tão rápido?”

Slack line; foi só encostar o pé na slack line, estilinguei eu fui pro chão, tinha muita lama na fita. Mas olha que se não tivesse lama, provavelmente eu iria pro chão também. Hahaha. Preciso treinar isso! Tóma penalidade; vai correr mais uma voltinha.

Balance beam (uma trave de madeira para atravessar) Adivinha? Chão de novo. Voltinha carregando uma corrente bem pesada de penalidade.

Eu tava feliz! Lembro que numa das provas que fiz eu mal conseguia carregar o raio da corrente, agora estou um pouco mais habituada com peso.

Desce montanha e sobe montanha, e o Rui aparece de novo.

Beater (um monkey bars com barras giratórias que rodam quando vc segura) “Como estão altas!”

Chão. Logo em seguida tinha o monkey bars.

Entrei com calma e usei muito balanço, porque as barras também estavam bem afastadas. Uma por uma, agarra, balança, pega altura e vai para próxima.

Toca o sino feliz! Fiquei sem entender se não deveria ter pago penalização, perguntei para onde deveria seguir e me indicaram, segui correndo com a minha torcida.

Sesimbra é mesmo um lugar perfeito para prova. Trilhos técnicos, altimetria salgada e vistas lindas. Agora correndo em direção ao castelo. Contorno correndo e dentro da muralha duas Cargo Walls.

“Vai amoooor!”

Pulo mais uma parede e vem a corda. Ponho as luvas e subo até tocar o sino. Descer foi quase uma queda. As luvas que eu carreguei a prova inteira para esse momento fizeram valer.

Olympus Parede inclinada com três tipos de apoios: correntes, buracos e ganchos. Tem que atravessar lateralmente sem tocar o chão. “Como é que era isso mesmo?!”

Perco um tempo enorme em progressão e gasto tudo o que ainda me sobrava de braço. E no último. No último!!! Antes de tocar o sino eu caio. O juiz quase que nem me manda para volta de penalização, até ele ficou com dó.

Herc Hoist uma corda com um peso na ponta que vc deve içar. Até que altura?

“É até o nó?!”

“Sim…não.”

No Sim da resposta da staff eu já tinha deixado o peso vir abaixo, com o não depois meu sangue quente nem quiz saber, soltei um palavrão e segui correndo. Sangue quente competitivo. Quem nunca? Haha

Passa a parede invertida; brincando.

Uma voltinha com o Sand bag.

Finalmente parece que as subidas do dia terminaram, desce correndo para, depois de muitos quilómetros, voltar para praia.

Na descida até deu para recuperar um pouco os bracinhos; aí vem o Twister, a primeira vez que fiz fui de frente, mas dessa não sei bem porque, de lado fez mais sentido. É longo! Güenta firme! Sinoooo! Yeah!

Agora a corrida é toda na areia.

Atlas, a maldita bola de trinta quilos. Que eu até tentei treinar levantar ela no Crossfit, mas ainda estou apanhando, então usa a técnica de rolar ela na perna mesmo e vai.

Depois tinha que entrar no mar e nadar até uma boia; lê-se “nadar” como quem diz…de tenis.

Quem não nadasse tinha que pagar uma penalização de tempo de 4 minutos. O Rui me disse depois que eu perdi colocações aqui porque o trajeto na água demorava mais que 4 minutos, e a espera ali na praia não tinha controle algum.

Bucket carry; mais uma voltinha levando um balde cheio de pedra para passear.

Rastejar sob arame farpado e ainda carregando uma tora. Hahaha porque só rastejar na areia é fácil?

Dardo; eu acertei no alvo (Arooo!) mas o dardo caiu; dúvida?!

Multi Rig; barras e argolas; Amooo! Esses aéreos eu fico torcendo para chegar! Toca o sino e segue.

A frame, a pirâmide de fita.

Slip wall, depois pula o fogo e segue para chegada!

Com uma hora e quarenta e oito. Como eu fiquei feliz com o meu tempo e prova!

Rendeu um honroso terceiro lugar no AG!

Assim, no pódio termina a brincadeira.

Obrigada amor; adorei o final de semana com as meninas, mais ainda a torcida e apoio durante a prova! “Huee Maaaa!”