Os 30 k do noturno Santiago

Foi praticamente numa conversa de bar, como a gente diria. Eram quase sete da noite quando à volta de uma mesa de picnic começamos a falar sobre os Caminhos de Santiago.

Ideia que poderia ser apenas um floco de neve, mas com tantas cabeças pensantes virou avalanche em poucos minutos.

Malucos! vocês são todos malucos! “Eu não, foi ideia do Carlos!”

Meia noite na Sé.

Meia noite na Sé?

Meia noite na Sé!

André, Bárbara, Lurdes, Carlos, Rui, eu. Exatamente a zero hora; Teresa. Anunciando sua chegada e as badaladas que não soaram, dezenas de gaivotas nos sobrevoavam e gritavam a festa! Santiago celebra.

Como Cinderelas, descemos as escadarias da imponente igreja rumo à escuridão. Ali (ainda) estavam todos calçados.

A noite estava fresca com poucas nuvens no céu e sem lua. Em passo acelerado seguimos desacreditados da própria ideia.

Lurdes e Teresa cantam Ivete Sangalo, Bárbara cheia de sono, Rui manca, André fala, Carlos analisa. Eu mudo de time ao sabor do vento; às vezes canto, às vezes opto pelo silêncio. E sim, no final, estávamos todos mancos. Sem hipótese.

Engana se quem acha que o ponto alto do percurso foi ouvir a Lurdes cantando “Roupa Nova.”

Depois de algumas horas de caminhada, já com fome e madrugada a dentro passamos na frente do Mc.

“Lamento mas não podem pedir pelo drive thru sem estarem num veículo motorizado.”

Pocotó pocotó. André e eu ainda tentamos dar marcha atrás e relinchar no falante para ver se atendiam nosso pedido.

Long Story short; fomos salvos por um jaguar. O cavalo não nos levaria à lugar algum.

Obrigada senhor e senhora que nos salvaram às 3 da manhã; as batatas fritas nos levaram bem por mais alguns quilômetros. A Cola ficou nos sonhos, aqueles que foram adiados noite a dentro.

Com mais de 25 quilômetros acumulados alternativas de encurtamento de percurso já eram alvejadas.

“Mindelo! Há comboio em Mindelo.” 

Amanhecer em Portugal, tem cheio de pão quente. De onde vem?

André, Bárbara e Carlos se encarregaram de convencer o padeiro doar uma pequena amostra de sua produção.

As coisas que uma noite não dormida colorem; que delícia comer pão quente. Sentadas numa sarjeta no maior conforto que pode se sentir ao parar de caminhar. Com poucos porém longos restantes quilômetros a fazer.

Ainda me lembro de esperar o trem me sentindo bêbada. Bêbada de sono. Não sei quem inventou a expressão em que me encontrava.

Sem domínio nenhum dos ataques e gargalhadas sem fim. Sinto me bêbada. Completamente.

Há tanto não desafiava meu corpo a enfrentar o sono, varar a noite, fazer uma direta (como se diz aqui em Portugal)! Que bem que soube sair da zona de conforto!

Trinta quilômetros planejados na velocidade de uma estrela cadente. Mágicos como o pedido que segue.

A vida só tem dois dias, um já foi! Obrigada turma pela intensidade vivida! Sweet memory!

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2 Responses

  1. A minha voz vai embalar para sempre as melodias da aventura, e no coração guardarei cada passo com raíz de árvore♡
    “Hoje sou feliz e canto, só por causa de você” ♡

  2. Maravilhoso ! Inspirador e divertido imagino as risadas ! To morrendo de saudades dai de vcs tanta que até dói ! Bjocas a todos 💗vcs!

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