Depois de mais um dia desfrutando Atins, com direito à balada e mais praia, chegou o dia da travessia. Quando decidimos o destino Lençóis, a mais empolgada para fazer a travessia era eu, as meninas não estavam muito animadas em encarar todo o perrengue que a travessia agrega às férias mas, por ironia do destino, na segunda porta de entrada do parque, os hotéis estavam lotados, e o melhor jeito de ver as mais bonitas lagoas seria atravessar o parque. Yes!
É preciso acordar cedo para caminhar, aqui não existe inverno, então para fugir do calor devemos acordar com as galinhas. Nosso primeiro dia começou as 5 da manhã.
A areia não é quente. Bem possível caminhar descalça, para as menos acostumadas uma meia resolve, mas em muitos lugares de travessia da lagoa era preciso tirar para não molhar. Três dias andando de pé no chão. Que maravilha!
O desenho que o vento faz na areia é incrível, instantaneamente as pegadas somem. Sem um guia seria preciso estar com uma boa bússola e mesmo assim, sujeito as mudanças repentinas de um deserto com vontade própria.
Praticamente todas as travessias tem um guia. O nosso, Vilar, nativo no parque contou historias curiosas sobre uma infância sem contato com o mundo exterior. Louco pensar que isso são algumas poucas décadas atrás, e hoje vemos os sinais da mudança.
Nós carregamos nossa mochila com o que precisamos para os 3 dias; roupa e umas comidinhas para o percurso. As refeições principais são feitas nos oásis. (comunidade local)
É indescritível a dimensão e proporção de imensidão; provavelmente um dos lugares mais bonitos que já estive.
Depois de tagarelar ininterruptamente (socorro!) e andar algo em torno de 6 k nós chegamos ao primeiro destino.
Os Oásis são comunidades locais, às vezes de uma única família, instalados dentro do Parque. Somente as famílias nativas que tem o direito de morar e estar dentro do parque, e nessa área de preservação só os moradores podem usar meio de transporte (4×4). A única maneira dos visitantes chegarem aqui é com suas próprias pernas.
Os redários são espaços com uma rede pendurada ao lado da outra. Dentro da rede um lençol limpinho dobrado com amor. O que mais me emociona no Brasil é o povo, sua amabilidade, simpatia intrínseca e maneira de receber. “Sejam muito bem vindos, muito obrigada por estarem aqui.” Com esse sorriso Dona Deti e família cozinham o almoço e explicam as comodidades do oásis.
Está na mesa; galinha caipira, arroz feijão, ovo estrelado, salada preparados com todo amor do mundo. Aquela comida caseira da boa. Que delicia é estar no Brasil! Ainda teve, para as mais ousadas, bebida Tiquira (a cachaça local) tomada com o caju que pegamos no caminho.
Quando descobri que tinha um espaço sem paredes eu mudei de rede; calorenta do jeito que sou imaginei que pudesse dormir melhor, e poderia, se não fosse o “gerador” que roncava na rede vizinha. Mas às altas horas da noite alguém o chacoalhou e a noite ficou mais silenciosa. Num desses momentos que acordei saí para ver o céu. Dos mais estrelados que já vi!
Os amanheceres também eram incríveis.
No terceiro dia começamos a andar antes do sol sair. A energia da manhã e só nós ali, momento me marcou e me fez agradecer.
Os por do sol eram parte da programação diária; andar até o alto de uma duna, sentar e apreciar o espetáculo. Essa conexão com a natureza que deveríamos ter diariamente; aterrados, envoltos por uma imensidão natural que nos abraça. Comunhão total.
No segundo dia tentando encurtar caminho fizemos uns “vara mato” para entrar num azimute direto para o Oásis. Mas porque?
Explicamos para Vilar que não tínhamos pressa em chegar, queríamos mesmo experienciar o deserto e suas incríveis lagoas.
E claro, tirar uma foto de modelo igual a da Giselle Bundchen. O que rendeu altas risadas, e muitos “croquetes”.
A areia voando pinta o quadro; deixa a foto pixelada. Olha a cor da água!
Eram vários redários no Oásis do segundo dia. O rio banha todos eles.
O nosso era dos últimos, e só para nós. Essa noite eu consegui dormir, talvez pela falta de sono da noite passada.
O ultimo dia, foi o mais longo de caminhada; 17 km, e o mais bonito. As lagoas para o lado de Santo Amaro (a outra porta de acesso ao Parque) são mais lindas ainda.
Quando chegamos à Betânia, ingenuamente achamos que o dia estava acabando.
Almoçamos num restaurante local.
E conhecemos o guia que nos conduziria rio abaixo até Santo Amaro.”São 3 hs a favor da correnteza” quando ele disse imaginamos que seriam 3 horas sem muito esforço.
Primeiro pegamos um barco no Rio Grande que nos levou até nossos caiaques.
Turma toda animada; Check!
O visual do rio é muito lindo, acompanhamos por um bom trecho as dunas e ainda teve mais uma parada para ultima lagoa. Agora é mesmo a ultima, né Paulinha! (a gente entrou em muitas lagoas antes de chegar a Betânia sempre falando que seria a ultima hahaha)
Testando habilidades do caiaque…
Depois de algum tempo remando, o cansaço acumulado do dia começou a pegar, e percebemos que efetivamente se quiséssemos chegar em Santo Amaro em 3 horas teríamos mesmo que remar. A culpa é sempre de alguém; “Quem é que inventou essa programação? Aposto que foi a Luli.”
Mais para frente, quando a coisa começou a apertar mais, nosso guia rebocou a Lu, e eu reboquei a Dani por algum tempo.
Curtindo muito o visual e a luz do fim de tarde. Agradecendo o dia e toda a viagem. Presente!
Mais um daqueles por do sol! Para fechar a nossa viagem e aventura com chave de ouro!
Agora era só andar até o nosso hotel! Aventura concluída com sucesso!
Meninas, que viagem mais incrível. Eu não poderia imaginar uma melhor aventura com vocês. Luana, irmã da vida, obrigada por escolher um destino tão legal para comemorar seu aniversário, nossa amizade, a vida! Foi maravilhoso! Amo vocês!
Viva nosso Brasil!
One Response
Que aventura maravilhosa o lugar um sonho ! Vcs sabem se curtir muito carinho e bjocas pra todas ❤️