Quando vovó esteve em Chang Mai visitou o templo Wat Phra Dat, que fica na Montanha Doi Suthep.
Descobri que existia uma trilha que levaria até lá acima. Habemus plano!
Pelo aplicativo do Suunto é possível identificar as trilhas populares da região, salvei no mapa e sai do hotel bem antes do amanhecer.
Para chegar no começo da trilha decidi que iria pegar um moto táxi porque assim cortaria quase 10k de cidade e movimento (tá certo que as 6 da manhã de domingo não existia). Mas se é para ir que seja aventura all the way.
Na Tailândia tem que ser de Bolt (Uber não tem) e pelo app da para pedir mototáxi. Bora!
Ele me deixou ainda afastado da entrada da trilha, no pé de uma longa subida de asfalto percebi que era o ponto de encontro dos trail runners. Enquanto subia logo três me passaram com seus trekking poles e mochilas de hidratação.
A Trilha do Monge
Entrei na trilha. Me lembra muito Ilhabela; mesma cor de barro, floresta tropical intensa e alta umidade.
Ela leva esse nome porque é o caminho até o templo What Pha Lat. A trilha não é longa, mas só sobe e tem alguns trechos mais exigentes.
Eu estava numa vibração zen, acompanhava o ainda o ritmo lento da manhã e apreciava por entre as árvores o sol que nascia no horizonte.
Após alguma caminhada cheguei ao local. Para entrar nos templos da Tailândia é preciso estar com ombros e joelhos cobertos. E apesar desse calor dos infernos, nós últimos 13 dias passei de camiseta e bermuda de skater (como diz a Lurdes) que cobre metade dos meus joelhos, assim só precisaria descalçar os tênis e sempre estaria pronta para entrar em qualquer lugar sagrado que fosse.
Logo me deparei com um Gazebo e Buddha. Hora de rezar! Enquanto fazia me deparei com uma placa que ensinava como fazer. Para minha surpresa, sem saber, sempre fiz de maneira parecida. Eu sou budista, só não sabia.
Depois passeei à passos lentos por todo lugar. Os monges estavam limpando o jardim, varrendo o terreno e preparando o templo. Entrei e rezei e agradeci novamente, dessa vez me emocionei ainda mais.
Tiveram momentos dessa viagem que eu não quis fotografar porque achei que seria desrespeitoso. Não quis fotografar os monges, e nem o interior do tempo, onde apesar de entrar também para apreciar, rezar e agradecer se fez prioridade e, ao longo dos meus dias aqui, se intensificou.
Aproveitei bem o lugar antes de seguir. Esse templo está totalmente em comunhão com a natureza. Tirei mais fotos e fui procurar onde a trilha seguia. Como era muito cedo não foi difícil achar os corredores. Siga!
Nossa que a coisa ficou íngrime! Até que cheguei na estrada? Olha o Google é isso mesmo:
Eu achava que tudo era uma só trilha, mas não, a seguinte que levava ao templo “da vovó” no Google tinha péssimas reviews (hahaha) a maioria das pessoas reclamando a exigência física da “brincadeira”. Inferno de uns, paraíso de outros!
Pouco depois das oito da manhã eu estava no Wat Phra Dat descalça apreciando o entorno do templo e vista. Vista essa que vovó adorou e tirou várias fotos “” eu não tive a mesma sorte a luz não era a melhor.
Depois desci pelo que é a famosa entrada do templo a escadaria de dragão e os seus 307 degraus.
Quando olho no Google por alguns instantes fiquei na dúvida se estava no templo certo: muitas pessoas chamam de Doi Suthep o templo quando na verdade é a montanha, então marcado no maps existem dois templos; o onde eu estava e o outro onde achava que existia (que é na verdade só a montanha). E sem saber que a missão dada estava cumprida continuei a explorar.
“Será que a única maneira de ir agora é pelo asfalto?”
Quebrei a cabeça um pouco e achei a entrada do parque, eu conseguia ver que a trilha que existia no Suunto não era das mais populares e não me levaria direto para Doi Suthep. “Tudo bem, eu tenho tempo!”
Preferi encarar o mato fechado e o desconhecido do que andar pelo asfalto.
Tratei de colocar o celular no modo avião, afinal ali, se eu ficasse sem bateria no celular poderia ser um problema.
Felizmente depois de um tempo a trilha mais aberta, e eu menos preocupada de estar em lugar muito remoto. Aí me deparei com a placa de uma competição.
Resolvi seguir a marcação no sentido contrário porque ia para a mesma direção que queria ir. Encontrei com uma dezena de atletas que já vinham com alta quilometragem nas pernas.
Passei pelo topo sem me dar muita conta que era o topo. Depois que vi no Google mapa a marcação que tinha feito.
Eu vim para Tailândia sem meu carregador do relógio, então perdi sempre a noção de quilometragem e tempo.
Parei num centro para almoçar, naqueles lugares que a cozinha é na rua mesmo. A fome era tanta!
Como era perto do palácio Bhubing (ponto turístico) o menu tinha fotos, o que facilitou a minha comunicação com o senhor que não falava inglês.
“Eu não gosto da barreira da língua.”
“Sério?! É uma das coisas que eu mais gosto em viagens. Principalmente quando não se entende nada mesmo, porque te faz sempre sentir num planeta diferente.”
Fahad, um paquistanês sentou se com uma tailandesa na mesa ao lado, e começaram a puxar papo comigo. Ele viajava há mais de um mês.
Quando sai eles me pagaram o almoço.
Foi na descida da montanha que percebi o quanto eu tinha subido. Fui pelo asfalto até o templo Wat Phrat, que agora estava lotado de turistas!
Depois entrei na mesma trilha e passei novamente pelo outro templo; a mesma vista com os tons da tarde, já se enxergava a cidade lá embaixo.
Finalmente no pé da montanha pedi outro moto táxi para voltar pro hotel, afinal as dez horas de caminhada já tinham dado cabo de mim!
Doi Suthep conquistada!