Sonam e eu saímos do hotel já de bike.
“Esta vendo aquela colina ali? Subiremos até lá.”
A subida não era íngreme, estávamos no asfalto, mas a altitude pega, poucas pedaladas o ar já foge. Apesar da temperatura bem baixa, o sol deixa o frio ir embora. As vistas do vale são lindas.
Quase meia hora subindo, ai vem a parte boa; saímos do asfalto e entramos nas trilhas, com descidas fluidas, raízes e singletracks.
“Que saudades eu tava de pedalar assim.” Ultimamente só tenho corrido quando subo numa mtb vem aquela sensação deliciosa.
Encontramos com minha mãe em outro ponto de vista.
No caminho da subida contou que encontrou um senhor que rezou por ela.
Ficamos lá um bom tempo agradecendo aquele dia e visual.
Tirei os sapatos e aproveitei para fazer saudações ao sol. Fiz sete, levando em consideração os números locais e tradições das voltas as estupas, achei melhor não arriscar.
Depois descemos até o carro; nós de bike e eles a pé.
Visitamos mais um mosteiro. Ontem tinham crianças.
“Quem decide poe elas?”
Aqui nas famílias muito pobres, os filhos seguem para esses mosteiro e recebem toda a educação religiosa para se tornarem monges. Quando chegam aos 15 anos podem decidir se querem continuar a carreira espiritual ou não. Sonam disse que talvez apenas 2% não sigam.
Almoçamos num restaurante local com buffet. Tinham uns cogumelos com queijo, deliciosos.
Depois fiquei encantada com a arte de tecer os cintos que eles usam nas suas vestimentas, e comprei um.
Descendo a estrada para nossa proxima localidade, passamos por uma estupa e histórias mais assombrosa que ouvimos aqui no país até agora.
Chendep Bji, segundo a lenda, essa área era atormentada por um espírito maligno poderoso, e para selá-lo definitivamente, um ritual tântrico exigia o sacrifício de uma mulher viva. Acredita-se que ela tenha sido enterrada sob a estupa para agir como uma protetora espiritual, impedindo que o demônio ressurgisse.
Esse tipo de sacrifício era raro no budismo, mas reflete a crença em práticas espirituais extremas para conter forças negativas. Hoje, a estupa é um local de reverência, e muitos butaneses acreditam que ela ainda protege a região contra influências malignas.
Ainda assim, outros muitos butaneses não dirigem nessa estrada a noite. E os olhinhos ali desenhados na estupa? Até de dia me deu medo, hahaha.
Chegamos na casa dos locais que passaremos a noite. O senhor da casa ganhou o titulo do homem mais forte do Butão em 2017 numa competição.
Segundo o que SP nos explicou não é permitido treinar (pesos etc) a força é natural e resultado do trabalho no campo. O homem tem uma energia e um sorriso contagiante.
O interior da casa é dividido em vários cómodos com portas com tecidos, nosso quarto era no andar de cima ao lado da sala onde jantamos.
As 6:30 descemos para a cozinha para assistir a nossa anfitriã cozinhar nosso jantar, e ficamos nos divertindo conversando com nossos guias sobre os signos do horóscopo, que é como o horóscopo tibetano que combina um dos 12 animais (Rato, Boi, Tigre, Lebre, Dragão, Serpente, Cavalo, Carneiro, Macaco, Galo, Cão e Javali) com um dos 5 elementos (Madeira, Fogo, Terra, Metal/Ferro e Água), que se repetem em ciclos de 60 anos.
O que determina seu signo é o ano em que nasceu. Descobrimos outras coisas interessantes como: aqui no Butão eles contam a idade a partir do momento em que você foi concebido então temos um ano a mais do que contamos no ocidente. Aniversários também não tem nada de comemoração, nem presentes. Pelas minhas crenças muitas vezes aqui penso que nasci lado errado do planeta.
A comida é farta, mas os donos da casa não comem connosco; a tradição é assim. Eles esperam seus hospedes terminarem. Não adianta insistir. No Butão sê butanes. Comemos os quatro com olhares de satisfação do homem força, sua mulher pouco ficou connosco.
Fomos dormir no conforto das cobertas do quarto que o rei fica quando vem para esses lados remotos do Butão.
4 Responses
O relato da viagem é tão intenso e descritivo que quase sinto a imensidão, o frio, os cheiros, a terra nos pés deste lado do mundo!
Impossível não viajar convosco nesta aventura imersiva pela cultura tão distinta da nossa♡
Obrigada por permitirem que deste lado tão distante possamos estar por aí tão perto♡🌸😘😘
Que cultura incrível , paisagens lindas!! Amando as fotos e me sentindo inserida nessa narrativa incrível !!
Cultura fascinante. 🥰
Uma curiosidade, há chuveiro e agua quente nas hospedagens??? rsrsrs
Na que dormimos do quarto do Rei sabe?! parecia mesmo uma hospedagem daquelas do interior do Brasil com chuveiro e ligações elétricas bem duvidosas. La num primeiro momento a agua foi fria, depois trataram de esquentar. nos demais hotéis tudo muito confortável e banhos quentinhos! Beijoo Jac