Treinando do Zero aos 90 {Vasaloppet}

Há um ano, no momento da largada da Vasaloppet abriram as inscrições, naquele exato minuto por coincidência eu estava online, e sem pensar duas vezes, me inscrevi para prova.

CROSS COUNTRY ESQUI

Eu tinha me arriscado uma vez no Cross country esqui em 2013 o ano que eu fiz o projeto 365 esportes (o projeto era fazer 365 esportes em um ano. Outra história).

Tenho bagagem de esqui alpino (descer a montanha). No fundo demorou muitas férias em família na neve para descobrir que subir montanha poderia ser mais divertido que descer.

Em 2013, no mesmo ano dos 365 estava um frio descomunal então descer a montanha não fazia sentido. Ai nesse começo de ano um universo branco de possibilidades se abriu.

Foi só em 2022 com o filme na “Off Track” na Netflix que deu para descobrir a dimensão do cross country esqui. A pesquisa da história da competição me trouxe o encantamento e a certeza de querer fazer parte dessa celebração.

O TREINAMENTO

Alguns meses depois  de registrada, entrei em contato com o Leandro Ribela para ver se ele aceitaria me treinar. Sabendo que não seria uma tarefa fácil, nem o treino e nem o convencimento, afinal o treinamento teria que ser a distância. Brasil X Portugal.

O Leandro é criador do Ski na Rua, um projeto social que visa a inclusão social pelo esporte, e atual coordenador de atletas da Confederação Brasileira de Esporte na Neve.

Seu conhecimento de Cross country esqui e da modalidade me ajudaram imensamente nessa jornada. 

ADAPTANDO OS TREINOS

Treinar para uma modalidade de neve num país sem, exige certas adaptações. Os treinos para o esqui foram feitos no Ski Erg (uma máquina que simula o movimento e no rollerski (um esqui de rodas).

A planilha chegava semanalmente e o treino era seguido. Mudanças às vezes eram necessárias; se chovia o rollerski virava Ski erg (eu já não consigo frear os esquis, imagina com piso molhado)!

Vídeos do treino iam, e voltavam corrigidos. “Dobra o braço junto do corpo, estica lá trás e abre a mão”

Aos poucos a prática e insistência foram gerando melhoria. No começo eu contava os treinos por tombos; uma hora e três tombos ou “hoje eu só caí duas vezes.”

OS APRENDIZADOS

“Viva como se fosse morrer amanhã, aprenda como se fosse viver para sempre.”

Sabia que no cross country esqui existe o clássico e o skating?

A Vasaloppet é uma competição clássica. Noventa por cento da prova funciona com doble poling (a bastonada dupla).

O clássico anda naqueles lindos trilhos bem feitinhos e perfeitinhos esculpidos na neve. O Skating é um movimento parecido com o da patinação.

O clássico é mais fácil de aprender. Mais fácil não quer dizer muito, ainda mais se a alternativa for o asfalto.

Além das diferenças de prática do mesmo esporte, descobri os infinitos tipos de esqui e ceras específicas. Descobri também que para saber que cera usar no esqui talvez nem faculdade e curso superior resolveriam.

NA NEVE

Deveriam ter algumas inserções de neve. Afinal para encarar uma competição na neve, ter o treino específico é quase que obrigatório.

“Existe um túnel de neve na Alemanha!”

“Sério?!”

O meu propósito é sempre descobrir novidades; provavelmente eu não escolheria treinar dentro de um congelador, mas a ideia de conhecer um lugar que nem sonhava em existir me convenceu na hora.

Oberhof foi a primeira parada para o treinamento. Menos quatro graus, neve 365 por ano num túnel com mais de quilômetro.

Lá descobri que a neve é bem mais piedosa que o asfalto.

Segunda parada:

“Califórnia, a mãe mora lá.”

“Existe um playground imenso da modalidade lá em Bear Valley!”

Férias com a mãe, ótima desculpa para mais um treino. Aí descobri que o aquecimento global é real, e de castigo o treinamento foi correr.

Terceira (segunda) parada:

“Existe na Suíça?”

“Opa! Chega aí! Langlauf super difundido aqui no país do

Chocolate! Vamos para férias de esqui juntas?”


Dizem que as melhores lembranças vem das piores ideias com os amigos. Que histórico de péssimas ideias que temos juntos né família Alfaia?!

A Pat se arriscou na modalidade e já estamos sonhando com outros desafios futuros.

Em Davos treinei com Steve um brasileiro assuissado, ou suíço abrasileirado que me acompanhou no meu primeiro empeno sobre esquis. Um treino de 40 quilômetros que eu nem conseguia falar depois.

Aqui; aprendi que se ficarmos dentro do trilho numa decida longa podemos pegar altíssimas velocidades e descobri também, na marra, que esquis de cross country são delicados e quebram (ooops!)

SEM NEVE

Os treinos sem neve também ficarão marcados; as longas descobertas de ecopistas. Tâmega, Vila do Conde, Gaia…

Os tantos treinos que fiz beira mar indo de um lado pro outro às vezes até completar mais de 20 quilômetros.

A subida da Sra da Graça, um dos treinos que me diverti imenso!

“Eu já vi subirem de muitas formas, mas assim…”

“E como é que a menina desce agora?”

Dos treinos do roller ficam marcadas as caras de espanto e curiosidade das pessoas, dos cachorros e principiante das crianças;

“Olhaaaa mãe!”

“Como chama isso?”

PESSOAS PELO CAMINHO

Inevitável pensar em todas novas pessoas que cruzaram o caminho nessa jornada de seis meses.

Além das óbvias; treinadores, professores e envolvidos com o projeto Ski na Rua; Leandro, Félix, Steve, Claudia.

Tiveram aquelas que se dispuseram a ajudar como um treinador alemão (que também irá fazer a prova) que encontrei no túnel que parou seu treino para me e corrigir o movimento e me ajudar a melhorar a técnica.

Olla, um sueco abrasileirado que a Lurdes (obrigada mana!)  achou seu blog sobre a Vasaloppet, e depois por mensagens me deu altas dicas e tirou dúvidas.

Mia, uma alemã que conheci pelo Instagram que também irá fazer a prova.

Também todas as pessoas que resolveram contribuir para o Ski na Rua (projeto social que visa inclusão social através pelo esporte) que eu estou competindo em prol. Alguns amigos e conhecidos e mesmo desconhecidos que estão envolvidos com a causa.

A CBDN; seus atletas e projetos. Conhecer sobre os atletas que representam o Brasil na modalidade, e tantas histórias inspiradoras!

EQUILÍBRIO

O quanto equilíbrio pessoal (nem tanto em cima do roller) que esses seis meses trouxeram.

Um projeto que exige aumento de carga de treino mas por ser no inverno não coincide com alta temporada de trabalho da Flower. Isso viabilizou a nova vida de atleta.

A gente usava o hashtag aqui em casa #atletadeelite e fizemos algumas mudanças conjuntas muito benéficas.

Claro que o embasamento do alinhamento também tem um culpado chamado Rui.

Alinhados em treinos individuais a gente casava o conjunto; até férias conseguimos conciliar; um pedalava o outro esquiava.

“Foca, é mais no teu treino!”

Obrigada, amor por todo nosso alinhamento, e por todo o seu apoio e endosso! Amo te.

VAMOS à ISSO!

A prova nem foi e já deixa saudade pelo caminho percorrido.

Daqui dois dias vem a concretização!

Obrigada a todos que vieram junto, partilharam, envolveram se. Vocês são presente, domingo levo vocês comigo!

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One Response

  1. Porra, fiquei em prantos a chorar emocionada ( de alegria) .
    Sabes, nestes momentos menos fáceis para mim, a tua aventura de treino, viagens na neve ( com ou sem ela) fazem sempre um largo sorriso na alma. Vivo sempre cada aventura tua como se fosse minha, vibro, rio, e até acho que fica a doer os músculos quando estás cansada😁
    Vai, eu e todos os que vibram contigo vamos a ajudar!
    Sorri, e claro pinta essa neve de rosa🌸
    VAI MANAAAAA!!!🌸🌸🌸🌸🌸🌸

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